Antes de preparar uma receita, é preciso avaliar a qualidade dos ingredientes, mantê–los em um lugar seguro e higienizar os utensílios. Com as rações dos animais, não é diferente.
Juliano Roman, supervisor de uma unidade de produção em Trindade do Sul (RS), explicou que tudo começa no recebimento da matéria-prima.
“Conferimos se os grãos estão dentro dos padrões acordados com os fornecedores. É uma etapa importantíssima, porque, durante a produção, não conseguimos melhorar a qualidade dos grãos, apenas manter”, disse.
Após as etapas de recebimento e classificação, veículos descarregam a matéria-prima através de tombadores. Os grãos que precisam de beneficiamento passam pelas máquinas de pré–limpeza, onde são separadas as impurezas e os grãos quebrados e, depois, de acordo com a necessidade, passam pela etapa de secagem ou são armazenados.
O processo de secagem ocorre sempre que a matéria–prima apresenta umidade acima do padrão ideal. Nessa etapa, são tomados cuidados com a temperatura ideal e com o tempo de processamento.
Como os grãos são organismos vivos, temperaturas excessivas podem causar danos. Tudo deve correr bem para não comprometer a etapa posterior: o armazenamento.
O processo de armazenamento é muito importante para a manutenção da qualidade. É preciso verificar se os silos estão limpos, sem insetos e sem infiltrações de água. Em um sistema chamado “termometria e aeração”, a temperatura e a umidade dos grãos são monitoradas 24 horas por um sistema de automação.
“Caso necessário, o sistema de aeração entra em ação para garantir que a temperatura dos grãos armazenados fique dentro do padrão estabelecido. É muito importante realizar verificações periódicas e calibração dos sistemas para garantir que estejam funcionando corretamente.
Se o sistema de termometria não estiver medindo a temperatura correta dos grãos armazenados, podem haver perdas irreversíveis no processo de produção das rações”, afirmou Juliano.
Através de um programa instalado no computador, é possível acompanhar as oscilações dentro de cada silo. A ferramenta permite configurar o manejo da aeração e auxilia na manutenção da qualidade dos grãos. “Acompanho temperatura ambiente, umidade relativa ambiente e temperatura dos grãos armazenados.
Os cuidados na etapa de armazenamento também estão relacionados ao recebimento dos grãos e à transferência para o processo produtivo. No recebimento, a limpeza possibilita a retiradas de impurezas, como caules, folhas, pedras ou qualquer outro resíduo resultante da colheita. Na secagem, cuidamos para que a lenha utilizada não contamine os grãos.
Finalmente, no armazenamento, tempo, temperatura e medidas para que não haja proliferação de insetos são requisitos para a obtenção de um bom grão ao final do processo”, finaliza Juliano.
De acordo com o zootecnista Ivânio Bueno, os silos da granja também requerem cuidados com infiltração e umidade para que a qualidade nutricional da ração não seja afetada.
“É preciso evitar o desenvolvimento de fungos, que podem produzir substâncias tóxicas para os animais. Já quando o produtor recebe as rações ensacadas, é preciso mantê–las afastadas das paredes e evitar o contato direto com o piso, sempre acomodando em pallets, já que a umidade migra. O sabor, o aroma e a cor da ração ajudam a identificar uma deterioração. Quando isso acontece, os animais podem até mesmo deixar de se alimentar. A ração deteriorada deve ser descartada na composteira. No caminhão de ração também podem haver infiltrações, principalmente em dias de chuva, facilitando a proliferação de fungos. Os motoristas devem estar sempre atentos”, orientou Ivânio.
fonte: Mato Grosso Mais