- Qual o nível de atual automação das fábricas brasileiras de ração para animais de produção?
Com exceção dos grandes players do mercado, e comparativamente com a Europa e Estados Unidos, o nível atual de automação no Brasil é BAIXO.
Eu visitei fabricas nos Estados Unidos, Holanda, Espanha e França e outras, onde o conceito de “Dark Plant” é levado bastante À sério... Não há luzes ligadas na produção durante à noite, pois não há operadores dentro da área.... Uma fábrica na Holanda me chamou bastante a atenção: uma cooperativa de produtores de suínos produzindo 15000 toneladas/ mês de peletizados, 100 % À GRANEL, múltiplas dosagens automatizadas, 40 silos de matérias primas de origem mundial, vindas por barcaças através de canais para a fábrica - E tinha somente DOIS FUNCIONÁRIOS.
Um na administração recebendo e emitindo NFs, e um engenheiro na sala de comando (a manutenção era terceirizada, nos finais de semana....Aqui no Brasil, via de regra o que se vê nas fábricas regionais pequenas e médias, é apenas a automação da dosagem e da mistura. Algumas tem também o roteamento das matérias primas abastecendo os silos de dosagem, e os produtos acabados até os silos de expedição - e nem todas possuem Balanças robô de carregamento ...
- Sob quais aspectos a indústria brasileira ainda pode evoluir na questão de automação?
Sistema de automação não é aquilo que apenas faz a dosagem automática das batidas...O que um bom sistema automatizado NÃO “faz” é dispensar um mínimo de esforço humano aplicado no gerenciamento da operação da fábrica.
Com isso quero dizer MONITORAMENTO E CONTROLES. Por incrível que pareça, às vezes os usuários pretendem que o sistema automatizado faça tudo sozinho, sem que haja o lançamento de dados e sua posterior análise - e apenas lembrando: o que não é medido não pode ser controlado!!!
No Brasil, quando o sistema de automação é mal desenhado e contratado, o que seguidamente observamos é a criação de dezenas de planilhas “paralelas” e controles cujo objetivo é tentar prover rastreabilidade, organizar e evidenciar limpeza e manutenção de equipamentos, registrar “não conformidades”, etc etc O volume de papel e a burocracia resultante é algo que beira o absurdo, o que acaba levando às seguintes situações:
a-) BPF feito para “inglês ver”, ou melhor, o MAPA ver...
b-) Permanente stress do Controle de Qualidade e de Equipe do BPF (quando existe), tentando colocar tudo em ordem para a próxima auditoria.
c-) Cronogramas de adequação ao BPF “empurrados com a barriga” pela direção da operação. Algumas das situações acima são familiares a você?
Não está conseguindo tempo para colocar a papelada e as muitas planilhas em dia? A rastreabilidade dos produtos que saem da sua fábrica não resiste a uma análise crítica de 5 minutos???
Você está trabalhando como um louco, mas tem a sensação de que está “empurrando barbante”, ou “enxugando gelo”?
O “SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA PRODUÇÃO” é a camada de software que liga os processos e os resultados de produção da fábrica ao sistema ERP geral da sua empresa... Se a sua fábrica não tem essa “camada de software”, então tudo está tendo que ser informado ao estoque via planilhas de Excel, contagens em folhas de papel, etc...
E então, o departamento de compras, O Laboratório, O departamento de controle de produtos e Formulação, o CQ e o Controle de Estoques da Empresa recebem informações atrasadas e desatualizadas..., pois a fábrica e os departamentos dentro dela não estão “linkados” com o sistema ERP da empresa...
- Quais são os principais impeditivos para que as empresas invistam em automação?
O principal impeditivo é o desconhecimento do fato que uma automação de fábrica perfeitamente integrada ao Sistema de Gerenciamento da Empresa (ERP) na verdade reduz custos e não os aumenta...A qualidade e a velocidade das informações partilhadas produzem resultados evidentes na redução de custos de pessoal, diminuição da burocracia, melhoria da qualidade, redução dos custos de formulação e Vendas maiores e melhores...
Na verdade, o que falta é um trabalho de conscientização quanto ao exposto acima. Quem tem a camada de software que liga a automação da fábrica ao ERP, pode testemunhar isso...
- Em relação ao mercado internacional, em que patamar a indústria nacional está em termos de automação?
- Quais foram as principais evoluções ao longo dos anos?
- Estas evoluções trouxeram quais benefícios às fábricas?
Conforme eu disse, com exceção dos grandes players do mercado, e comparativamente com a Europa e Estados Unidos, o nível atual de automação no Brasil é BAIXO.
Eu participei desde 1995-96 do início da história da automação das fabricas de produção de nutrimentos no Brasil. Estamos falando de 27 anos no passado, quando começamos a automatizar dosagem, mistura e roteamento na Purina. Não havia empresas brasileiras confiáveis para fazer automação nessa época. Tivemos que desenvolver fornecedores, e erramos uma ou outra vez...
Na Purina, o sistema de dosagem e mistura de suplementos minerais para bovinos foi o que iniciou o processo (teve que ser refeito).
À seguir foi feita a automação, dosagem e mistura das duas linhas principais para animais de produção. Logo em seguida, e até o ano 2000 fizemos o Sistema automático de multiparticulas para equinos e iniciais para bovinos, e por último uma fábrica completa de premixes para uso interno e comercial. Encerramos o ciclo de automação com a fábrica de produtos extrusados para peixes e Pet Food. A comunicação dos sistemas de automação da fábrica com o ERP (BPCS) foi iniciada nessa época, primeiramente com o módulo de controle de estoques.
Essa evolução trouxe sem dúvida redução nos custos de processo, Garantia da qualidade, redução dos custos de formulação, redução de custos administrativos e uma enorme melhoria no fluxo das informações necessárias para as tomadas de decisões.
- Quais são os sinais /aspectos que claramente evidenciam que é o momento da empresa investir na automação ou mesmo fazer um up grade na automação?
- Os sinais são:
- Quais as atuais tendências quando falamos em soluções de automação para as fábricas de rações?
- Qual a sua mensagem para o mercado brasileiro?
Eu gostaria de deixar não uma, mas duas mensagens:
“Na minha concepção, uma fábrica ideal é aquela que possui apenas dois funcionários - Um guarda e um cão pastor. A função do guarda é dar comida para o cão pastor, e a função do cão pastor é ser treinado para não deixar o guarda mexer nas máquinas...”
“NINGUEM ESTÁ PARADO NO TEMPO! NÃO PERCAM O BONDE DA FÁBRICA 4.0.”
Se ainda não o fizeram, COMECEM A CONTRATAR E TREINAR GENTE QUE SE ENCAIXE NESSA TENDÊNCIA.
Um grande abraço a todos, e SUCESSO!!!
José Fernando Raizer
RAIZER CONSULTORIA, PROJETOS E TREINAMENTOS