Fotos que mostram animais usando máscaras durante a gripe espanhola, em 1918, cerca de 100 anos atrás, estão viralizando nas redes sociais. Em tempos de pandemia da covid-19, as imagens causam espanto e dúvidas sobre a necessidade do uso do material em cachorros e gatos, e quais são os verdadeiros riscos da transmissão do vírus entre animais e seres humanos.
As indagações e inquietações tiveram início após autoridades de Hong Kong afirmarem que um cãozinho da raça lulu-da-pomerânia supostamente estaria infectado com coronavírus. A tutora do animal, uma mulher de 60 anos, havia sido diagnosticada com a doença dias antes. Após refeitos, os testes apontaram que o cachorro não estava contaminado.
Tentando embarcar na onda de desinformação para lucrar, muitos comerciantes aproveitaram para tentar emplacar a venda de máscaras de diversos materiais para cães e gatos. Não há informações sobre a aprovação de órgãos reguladores ou fiscalização sobre os produtos, mas a venda de máscaras para animais domésticos está se tornando uma febre em diversos países.
Para tentar conter o avanço da prática oportunista, a PETA anunciou em março que o uso de máscaras em animais, além de desnecessário, também pode ser prejudicial. A organização norte-americana informou que máscaras podem causar incômodos, desconforto, alergias e até mesmo acidentes. Segundo a ONG, os cuidados que precisam ser tomados é com a higienização dos ambientes.
Coronavírus: como cuidar de cachorros e gatos durante isolamento
Cachorros e gatos podem ser infectados ou transmitir o novo coronavírus a humanos? Devo parar de passear com meu bichinho de estimação durante o período de isolamento? Posso ir ao veterinário? Nos últimos dias, foram muitas as dúvidas da população sobre a relação entre a covid-19 e os animais.
Para solucionar essas e outras perguntas, a Catraca Livre consultou o Conselho Federal de Medicina Veterinária e a veterinária Camila Araujo Figueiredo, voluntária da ONG Médicos do Mundo e responsável pela conta no Instagram Veterinando, para responder as principais questões e acabar com as fake news sobre o tema.
Quais os motivos que levam os cães e gatos a pegar o vírus, mas não transmitir?
Camila Araujo Figueiredo: De acordo com os estudos mais recentes realizados em vários países, ainda não há comprovações de que os cães e gatos possam ser infectados com o vírus e muito menos de que são transmissores.
Fato que a medicina veterinária já previa, pois os agentes causadores de coronavírus nesses animais são considerados espécie-específicos, ou seja, cada espécie de vírus possui receptores exclusivos para cada espécie animal. Sendo o vírus da espécie CCoV específico para cães, o vírus FCoV específico para gatos e o vírus da espécie SARS-CoV 2 (causador da covid-19) específico para humanos. Contudo, os animais podem carrear uma carga viral, mesmo que mínima, para diferentes ambientes.
Posso levar meu cachorro para passear na rua ou deve ser isolado também? E para as pessoas diagnosticadas com coronavírus?
Camila Araujo Figueiredo: Por serem possíveis carreadores do vírus pelo ambiente, não é recomendado sair com animais para passeios, respeitando também a orientação de isolamento social, porém, pessoas saudáveis podem realizar passeios de curto período e distância, apenas para atender às necessidades fisiológicas. É importante evitar contato com outros animais e pessoas, buscando lugares menos aglomerados e os horários mais vazios.
Todas as pessoas com sintomas de gripe/resfriado e diagnosticadas com covid-19 devem evitar contato com os animais. A lavagem das mãos é indicada antes e depois do contato com os pets e somente se o contato for realmente necessário. Além de uso recorrente do álcool em gel e máscara.
Se o animal não transmite nem pega a covid-19, por que não posso ficar perto dele se eu estiver com o coronavírus?
Conselho Federal de Medicina Veterinária: Realmente, não há comprovação científica de que o animal transmita a covid-19, mas o tutor infectado, ao espirrar ou tossir, poderá espalhar partículas com vírus na pelagem do animal. Até o momento, não há informações de que o animal em si desenvolva a doença, mas se o pelo estiver contaminado e outra pessoa o tocar, não há garantia de que não haverá transmissão. Nesse momento de incertezas, todo cuidado faz a diferença para evitar o contágio.
fonte: Catraca Livre, com informações da ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais