O setor de alimentação animal no Brasil tem se adequado às exigências de mercado em função de suas necessidades e objetivos. As tecnologias no processamento e fabricação de rações têm avançado no sentido de maximizar a eficiência produtiva, minimizar a perda de nutrientes e a formulação de produtos mais elaborados e com maior valor agregado. A adoção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) nas empresas do setor de fabricação de alimentos balanceados é requisito básico para assegurar a qualidade em todas as etapas de desenvolvimento de produtos para consumo animal. Uma fábrica de rações caracteriza-se pela interdependência entre seus setores componentes. Assim, num fluxo que se inicia antes da entrada das matérias-primas na fábrica, é imprescindível estabelecer especificações nutricionais para cada ingrediente a ser adquirido (nível de umidade ou teor de matéria-seca), de proteína bruta, fibra, gordura (extrato etéreo) e outros padrões de qualidade na dependência do tipo de matéria-prima. Uma inspeção física prévia do ingrediente, incluindo amostragens em produtos a granel e sacarias, deverá incluir um exame da presença de impurezas, matérias estranhas, detritos etc. Um nutricionista deve iniciar a formulação estabelecendo os níveis de exigência nutricional para cada fase/estágio da criação indicados para as diferentes linhagens disponíveis no mercado, conhecendo os ingredientes e selecionando-os pela sua composição química (analisada ou calculada), fixando níveis de inclusão de produtos e matérias-primas, e equilibrando a relação custo-benefício. A moagem e mistura são as etapas finais de extrema importância no processo, objetivando-se adequada homogeneidade e balanceamento da mistura da final anterior ao seu uso pelas aves. Quanto aos equipamentos e acessórios da fábrica, deve ser levado em conta que estes devem ser adequados para atender ao fluxo operacional e ao mesmo tempo objetivando a redução de custos e atendendo prioritariamente a obtenção de alimentos balanceados e sem risco à segurança do produto elaborado final.
Fabricação de rações
As especificações das rações para os frangos dependerá de algumas condições que serão estabelecidas a priori. Entre essas, estão a exigência de nutrientes do animal de acordo com o peso desejado para o abate; a idade em que se pretende alcançar o peso; a separação dos lotes por sexos; a disponibilidade, qualidade e preços dos ingredientes e o mercado ao qual se destinam os animais. É necessário que os ingredientes a serem utilizados na fabricação, sejam de boa qualidade e que atendam os padrões mínimos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. Sempre que possível, os ingredientes devem ser analisados laboratorialmente, ou consultadas as tabelas de composição de alimentos para efetuar o cálculo das fórmulas das rações. As rações produzidas industrialmente pelas integrações e fábricas de rações independentes registradas no Ministério da Agricultura, atendem as especificações legais e técnicas, sendo de pronto uso, sem necessidade de remisturá-las com outros ingredientes. Entretanto, em algumas regiões ou nichos de mercado, o produtor poderá fazer sua própria ração comprando o núcleo mineral-vitamínico ou o concentrado proteico. Nesse caso, será importante manter a qualidade no processo de fabricação das rações na propriedade, sob pena de inviabilizar a exploração dessa atividade, caso não siga rigorosamente as recomendações técnicas. Sempre que o produtor não dispuser de conhecimento sobre formulação e preparo de rações, deverá necessariamente buscar a orientação com nutricionistas do setor de avicultura. Além disso, é importante ter em conta que existem alguns pontos criticos no processo de fabricação de rações na propriedade, os quais devem ser considerados dentro das normas de boas práticas de fabricação (BPF) de rações.
Necessidades para a fabricação de rações
O processo de fabricação de rações, além do conhecimento da área, implica em ter a disposição, a estrutura para tal e entre alguns itens destacam-se as seguintes necessidades: espaço útil na área da fábrica de rações para instalar silos graneleiros visando a estocagem de cereais; sala de estoque de drogas, aditivos, vitaminas e minerais, a qual sirva também para pesagens de ingredientes que são usados em menores quantidades ( abaixo de 10 kg ); balança com capacidade de pesagem de 10 kg e sensibilidade de 1 g; balança de 200 kg ou mais, com sensibilidade de 20 g, para pesagem de cereais; moinho de martelos com motor adequado à trituração de cereais; misturador de ração horizontal ou vertical com capacidade condizente com a necessidade da produção; roscas sem-fim para transporte até a carreta e desta para os silos à granel localizados junto ao aviário.
O processo de produção de rações
Por vezes, os ingredientes ou as rações devem passar por processos especiais, visando um incremento na digestibilidade (peletização e extrusão), separação de cascas de ingredientes, detoxificação (tratamento térmico), preservação (secagem de grãos) e uniformidade de particulas (moagem e peletização). Em frangos, a moagem é importante para homogeneidade da mistura e, entre outros aspectos, também o correto tamanho de partículas promove a economia de energia da trituração dos cereais. Tamanhos de particulas de milho entre 750 e 1000 mm ficam na faixa recomendada, sendo esse valor facilmente mensurado através do granulômetro. A mistura dos ingredientes triturados é essencial no processo e os equipamentos existentes apresentam tempo variável de mistura, situando-se entre 5 e 15 minutos na dependência principalmente do tipo (vertical ou horizontais) e das roscas helicoides. A mistura adequada dos ingredientes da ração é passo fundamental e precisa ser avaliada periodicamente. Existem publicações da Embrapa que indicam procedimentos sobre testes da qualidade de mistura. A peletização, embora muito desejável no processamento, pois pode proporcionar melhoria da eficiência alimentar maior que 5%, dificilmente será realizada por produtores devido ao alto investimento em equipamentos, a menos que esses se associem para a fabricação de rações.
fonte: Agência CNPTIA