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27/06/2024

A análise dos dados históricos da pesquisa Alltech Agri-Food Outlook revelou que a indústria de rações teve um crescimento médio anual de 3% nos últimos dez anos, e um crescimento médio de 3,7% nos últimos cinco anos. Segundo o relatório atual, que traz os dados de 2023,a produção global de ração totalizou 1,29 bilhão de toneladas, registrando uma queda modesta de 140.000 toneladas – ou 0,01% em relação a 2022.

Na opinião dos especialistas, essa discreta redução da demanda global por ração deveu-se, em parte, ao uso mais eficiente de rações, por meio da implantação de sistemas de produção intensiva que se concentram nos conhecimentos da nutrição animal, manejo e outras tecnologias para reduzir o consumo de ração enquanto produzem a mesma quantidade, ou até mais, de proteína.

Ressaltam, porém, que mudanças nos padrões de consumo causadas pela inflação e tendências alimentares, além de custos de produção mais altos e tensões geopolíticas, também influenciaram a produção mundial de ração em 2023.

Já para 65% dos entrevistados, a inflação e o cenário geral da economia em 2023 foram responsáveis pelo maior impacto na produção de ração, ficando em segundo lugar as atuais tendências alimentares da população.

 O fato é que tanto fatores econômicos como tendências alimentares têm resultado em mudanças no comportamento do consumidor, o que, em última análise, afetou a demanda por proteínas. Os millenials (nascidos entre 1982 e 1994), que agora têm mais poder aquisitivo, tendem a se concentrar em nutrição, qualidade e conveniência ao comprar alimentos, fato que pode influenciar suas preferências por produtos de origem animal, bem como pelos próprios ingredientes usados para produzir as rações.

Da mesma forma, os fatores relacionados à saúde também afetaram as tendências alimentares na maioria das regiões, mas foram mais fortemente apontados na Ásia-Pacífico e na América Latina. Na Oceania, África e Ásia-Pacífico, as tendências alimentares foram fortemente
influenciadas por preferências culturais ou religiosas, enquanto o ambientalismo afetou as escolhas alimentares principalmente na Europa e na Oceania.

Um olhar mais atento sobre os números.

Segundo o 13º Agri-Food Outlook, a produção de ração em 2023 aumentou na Ásia-Pacífico em 6,5 milhões de toneladas (1,4%); na América Latina, em 2,457 milhões de toneladas (1,24%); na África, em 1 milhão de toneladas (1,9%); e na Oceania, em 0,4 milhão de toneladas (3,7%).

Na contramão, a produção de ração na Europa diminuiu 2,8%, assim como na América do Norte (-1,1%). Globalmente, foram relatados aumentos na produção de ração nos setores de frangos de corte e animais de estimação, enquanto diminuições foram relatadas nos setores de suínos, bovinos de leite, bovinos de corte, aquicultura e equinos. A produção de ração para aves de postura permaneceu estável.

No geral, a tonelagem de ração para aves continua a crescer, mas em um ritmo mais lento – resultado da mudança de comportamento de consumo e menor poder aquisitivo. A produção de bovinos de corte continua em declínio, devido à mudança do ciclo pecuário nos Estados Unidos e ao impacto das regulamentações de sustentabilidade na Europa. A tonelagem de ração para aquicultura diminuiu ligeiramente devido a um declínio na oferta da China, que continua sendo o maior país produtor de ração do mundo, seguida pelos Estados Unidos e pelo Brasil.

No Brasil foram produzidas, ao todo, 83,32 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 1,84% em relação a 2022, colocando o país na liderança do crescimento da produção de ração na América Latina. Alimentos para pets cresceram 6,18% no país, enquanto para frangos de corte o crescimento foi de 3,00%, aquicultura 2,55%, suínos 2,53%, aves de postura 0,99% e equinos 0,78%.

Aquicultura

Em 2023, o volume global de rações aqua somou 52,09 milhões de toneladas e, pela primeira vez na história recente da aquicultura, o setor experimentou uma diminuição de 4,41% na produção desse insumo. Segundo o relatório da Alltech, esse declínio na produção global de rações aqua foi justificado em parte por uma queda significativa na oferta de ração para a aquicultura na
região Ásia-Pacífico, com destaque para a China.

Na região, a tonelagem de ração aqua diminuiu em 7,08% em resposta ao impacto causado pela queda dos preços do pescado, que levou produtores a reduzir suas densidades de estocagem. Além disso, condições climáticas adversas impactaram o desempenho dos peixes, ao mesmo tempo que desafios econômicos diminuíram a demanda dos consumidores por produtos de pescado.

Em 2023, a tonelagem total de ração para aquicultura da Europa também caiu pela primeira vez (-2,58%) nos últimos anos. Nessa região do planeta, as doenças que acometeram salmões e trutas tiveram um impacto especialmente devastador na produção da Noruega, e também levaram ao aumento das taxas de mortalidade, à piora do desempenho e ao comprometimento do bem-estar animal em toda a região.

Ainda segundo o relatório, apesar dos declínios generalizados no setor de aquicultura em outras partes do mundo, a América Latina seguiu crescendo, e registrou um aumento de 3,9% em 2023. O mercado, historicamente voltado à exportação – com destaque para Chile, Colômbia e Equador –, permaneceu forte, mesmo diante das tensões geopolíticas e das condições climáticas desafiadoras. Além disso, também houve alta demanda por pescado na região. Em 2023, o Equador manteve seu primeiro lugar como o maior produtor de camarão, enquanto o Chile se tornou o segundo maior produtor de salmão.

A produção de ração para o setor aumentou, mas apenas marginalmente (0,03%), no Canadá e nos Estados Unidos. Um discreto aumento (0,08%) também foi observado na África e no Oriente Médio. Já na Oceania, o volume de ração aqua cresceu 7,5%.