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Mercado de Ração Animal na América Latina - Foco Brasil: Panorama, Perspectivas e Viabilidade da Produção
09/04/2025 Por Adriano Mayer - Agronegócio / Mercado Financeiro / Trader / DISPONÍVEL PARA NOVOS DESAFIOS

Introdução

O mercado de ração animal na América Latina vem apresentando um crescimento expressivo nos últimos anos. O aumento da demanda por proteínas de origem animal, impulsionado pelo crescimento populacional e pela melhoria da renda em diversos países da região, fortalece a expansão desse setor. Neste artigo, apresento o tamanho do mercado, as perspectivas para o futuro, a viabilidade da produção de equipamentos no Brasil, além da oferta e demanda por equipamentos e ração e outros temas adicionais.

Tamanho do Mercado de Ração Animal na América Latina

De acordo com estudos da Alltech Global Feed Survey, a produção global de ração animal atingiu cerca de 1,3 bilhão de toneladas em 2023, com a América Latina representando aproximadamente 20% desse volume. O Brasil se destaca como o maior produtor da região, com cerca de 85 milhões de toneladas anuais, seguido pelo México, Argentina e Chile.

Os principais segmentos consumidores de ração incluem:

  • Avicultura (40% do consumo total)
  • Suinocultura (30%)
  • Bovinocultura de corte e leite (20%)
  • Outros setores (10%, incluindo pets e aquicultura)

Em termos de valor, o mercado de ração animal na América Latina movimentou aproximadamente US$ 40 bilhões em 2023, sendo que o Brasil representa mais de 50% desse montante.

Mercado em Números

Em 2023, o Brasil registrou os seguintes efetivos de rebanhos:

  • Bovinos: 238.626.442 cabeças, um aumento em relação ao ano anterior.
  • Suínos: 42.997.536 cabeças, apresentando uma redução em comparação a 2022.
  • Galináceos: 1.577.570.401 cabeças, indicando um leve crescimento em relação ao ano

Esses dados são fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e refletem a contínua relevância do Brasil na pecuária mundial.

Estudo de Mercado: O Setor de Ração Animal no Brasil

O mercado de ração animal no Brasil desempenha um papel fundamental no setor agropecuário, sustentando a pecuária e a produção de proteína animal para consumo interno e exportação. Este artigo apresenta um panorama completo sobre a capacidade de produção e demanda por estado, utilizando dados atualizados e análises detalhadas.

Panorama Geral do Mercado de Ração Animal no Brasil

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de ração animal, com uma indústria altamente desenvolvida e competitiva. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Ração Animal (ABRA), a produção nacional ultrapassa 80 milhões de toneladas anuais, abrangendo diversos segmentos, como bovinos, suínos, aves, pets e aquicultura.

Os principais impulsionadores desse mercado são:

  • Crescimento da pecuária intensiva;
  • Expansão do consumo de carne no Brasil e no exterior;
  • Avanços tecnológicos na nutrição animal;
  • Adoção de práticas sustentáveis na produção.

Capacidade de Produção por Estado

A produção de ração animal no Brasil está concentrada nos estados com forte atuação agropecuária. Abaixo, detalhamos os principais estados produtores e sua capacidade aproximada de produção:

1. São Paulo

  • Produção: 15 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: aves, suínos e pets;
  • Destaque: Grande número de fábricas e centros de distribuição.

2. Paraná

  • Produção: 12 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: aves e suínos;
  • Destaque: Maior exportador de carne de frango do país.

3. Rio Grande do Sul

  • Produção: 10 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: bovinos, aves e suínos;
  • Destaque: Importante polo da suinocultura.

4. Minas Gerais

  • Produção: 9 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: bovinos e pets;
  • Destaque: Maior produção de leite do Brasil, demandando ração para gado leiteiro.

5. Mato Grosso

  • Produção: 8 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: bovinos;
  • Destaque: Maior rebanho bovino do Brasil, com 32 milhões de cabeças.

6. Santa Catarina

  • Produção: 7 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: aves e suínos;
  • Destaque: Polo exportador de carne suína e frango.

7. Goiás

  • Produção: 6 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: bovinos e aves;
  • Destaque: Produção crescente de carne bovina e frango.

8. Mato Grosso do Sul

  • Produção: 5 milhões de toneladas/ano;
  • Setores: bovinos e suínos;
  • Destaque: Expansão da produção pecuária.

Demanda por Estado e Setores Consumidores

A demanda por ração animal no Brasil segue a distribuição da produção, com destaque para os setores de aves e suínos, que consomem cerca de 75% do total de ração produzida. O setor de bovinos representa cerca de 20%, enquanto pets e aquicultura completam o restante do consumo.

Os estados com maior consumo de ração são:

  • Paraná: Forte na avicultura e suinocultura, é um dos maiores consumidores de ração do país.
  • Santa Catarina: Líder na produção de suínos, com elevada demanda por rações especializadas.
  • Rio Grande do Sul: Importante centro de produção de aves e leite, com forte consumo de rações.
  • Mato Grosso: Grande produtor de grãos e rebanho bovino, demanda principalmente por ração para bovinos de corte.
  • São Paulo e Minas Gerais: Relevantes na produção leiteira e avicultura, com consumo diversificado.

Esses estados concentram as principais cooperativas e agroindústrias, o que eleva ainda mais a necessidade de rações de alta performance.

Perspectivas para o Futuro

O setor de ração animal na América Latina apresenta tendências promissoras devido a diversos fatores:

  • Crescimento da população e aumento do consumo de proteína animal: Estima-se que a demanda por carne crescerá 25% até 2030, impactando diretamente a necessidade de ração.
  • Sustentabilidade e inovação: A busca por ingredientes alternativos, como farelo de insetos, algas e proteínas vegetais, está ganhando força.
  • Automação e digitalização: O uso de inteligência artificial e análise de dados na nutrição animal permite dietas mais precisas e econômicas.

Segundo previsões da FAO, a produção de ração na América Latina pode atingir 300 milhões de toneladas até 2030, impulsionada pela expansão da agropecuária.

Fatores que Impactam o Mercado de Ração Animal

Vários fatores influenciam diretamente a produção e demanda de ração no Brasil:

1. Preços das Matérias-Primas

O custo da ração é fortemente influenciado pelos preços do milho e farelo de soja, principais ingredientes na formulação. Variações cambiais e safras impactam diretamente o setor.

2. Crescimento da Produção Animal

A demanda por ração acompanha o crescimento dos rebanhos de bovinos, suínos e aves, além da crescente humanização dos pets, que impulsiona o mercado de ração premium.

3. Sustentabilidade e Regulamentação

A adoção de práticas sustentáveis e o cumprimento das normas ambientais são cada vez mais relevantes para a competitividade das empresas do setor.

Tendências e Perspectivas para o Setor

O mercado de ração animal no Brasil continuará crescendo, impulsionado por:

  • Aumento da exportação de carne;
  • Desenvolvimento de rações mais nutritivas e sustentáveis;
  • Crescimento do setor pet e rações especializadas;
  • Expansão da aquicultura.

A expectativa para os próximos anos é que o setor ultrapasse 90 milhões de toneladas anuais, acompanhando a expansão da produção agropecuária e a demanda crescente por proteína animal.

Capacidade de Produção X Consumo de Ração Animal no Brasil

O Brasil tem uma capacidade instalada de produção de ração animal superior a 100 milhões de toneladas por ano, sendo um dos maiores produtores globais. No entanto, o consumo interno gira em torno de 85 milhões de toneladas anuais, o que indica uma margem de crescimento e possibilidades de exportação.

Os principais consumidores da ração nacional são:

  • Avicultura: Consome aproximadamente 40 milhões de toneladas/ano.
  • Suinocultura: Aproximadamente 26 milhões de toneladas/ano.
  • Bovinocultura: Consumo estimado em 15 milhões de toneladas/ano.
  • Outros segmentos (pets, aquicultura e equinos): Cerca de 4 milhões de toneladas/ano.

Esse cenário demonstra que, apesar de o Brasil ter uma grande capacidade produtiva, o consumo ainda está aquém do total que poderia ser produzido, o que abre oportunidades para a exportação de ração para outros países da América Latina e demais mercados internacionais.

Viabilidade da Produção de Equipamentos no Brasil

A produção de equipamentos para a fabricação de ração no Brasil é um setor estratégico, pois permite a redução da dependência de importações e o fortalecimento da indústria nacional. O país conta com grandes fabricantes de equipamentos, como misturadores, peletizadoras, extrusoras e secadores.

Fatores que favorecem a produção nacional:

  • Disponibilidade de matéria-prima: O Brasil é um grande produtor de aço e componentes eletrônicos para a fabricação de maquinários.
  • Mão de obra qualificada: O setor metalúrgico brasileiro possui expertise no desenvolvimento de equipamentos industriais.
  • Incentivos governamentais: Linhas de crédito e programas como o FINAME (BNDES) facilitam o financiamento para empresas que produzem maquinários nacionais.

Desafios da indústria de equipamentos

  • Concorrência asiática: Países como China e Índia oferecem equipamentos a preços mais baixos.
  • Alto custo de produção: O Brasil enfrenta desafios com carga tributária e custos logísticos.
  • Necessidade de inovação tecnológica: Investimentos em P&D são essenciais para aumentar a competitividade do setor.

Oferta e Demanda de Equipamentos e Ração na América Latina

A América Latina possui uma oferta crescente de equipamentos e ração, mas ainda enfrenta desafios para atender à demanda total.

Principais Equipamentos e Funcionalidades na Produção de Ração Animal

A produção de ração animal envolve uma série de etapas, cada uma delas utilizando equipamentos específicos para garantir qualidade, eficiência e segurança. Entre os principais equipamentos utilizados, destacam-se:

  • Moinhos de martelo: Responsáveis pela moagem dos ingredientes, reduzindo o tamanho das partículas para facilitar a mistura e digestão.
  • Misturadores horizontais e verticais: Garantem a homogeneização dos ingredientes, fundamentais para assegurar a uniformidade nutricional da ração.
  • Peletizadoras: Compactam a mistura de ração em pellets, facilitando o consumo pelos animais e reduzindo perdas.
  • Extrusoras: Utilizadas principalmente na produção de rações para pets e aquicultura, permitem a cocção dos ingredientes e o controle da textura.
  • Secadores: Reduzem a umidade da ração, garantindo maior tempo de prateleira e evitando o desenvolvimento de fungos.
  • Sistemas de dosagem automática: Controlam com precisão a quantidade de cada ingrediente, otimizando a fórmula nutricional e os custos.
  • Refrigeradores: Utilizados após o peletizador, resfriam os pellets para evitar condensação e degradação.
  • Ensiladeiras e equipamentos de armazenagem: Fundamentais para manter os ingredientes em condições ideais de uso e prolongar a vida útil da ração produzida.

Esses equipamentos são essenciais para a eficiência produtiva e a padronização da ração, aspectos cada vez mais exigidos pelo mercado consumidor.

Oferta de Equipamentos

A fabricação de equipamentos para a produção de ração está concentrada principalmente em Brasil, México e Argentina. Empresas multinacionais como Bühler, Wenger, Famsun, Andritz dentre outras, dominam o mercado, ao lado de fabricantes nacionais que buscam expandir suas operações.

Demanda de Equipamentos

A crescente necessidade de ração pressiona a indústria a modernizar suas fábricas. Os principais investimentos ocorrem em:

  • Linhas de extrusão para pet food e aquicultura
  • Peletizadoras para rações de suínos e aves
  • Moinhos e misturadores de alta eficiência

A demanda por equipamentos tecnológicos que otimizam a produção e reduzem desperdícios está em alta, especialmente em grandes cooperativas e agroindústrias.

Dependência de produção externa.

No setor de produção de ração animal, o Brasil possui uma indústria de bens de capital relativamente desenvolvida, mas ainda dependente da importação de alguns equipamentos e tecnologias de ponta. Abaixo listo, os principais equipamentos que geralmente não são fabricados no Brasil ou cuja fabricação nacional é muito limitada:

1. Extrusoras de alta capacidade e tecnologia

Embora existam fabricantes nacionais de extrusoras, os modelos de alta performance usados para produção de pet food premium e rações especiais (como as extrusoras co-rotativas com controle térmico avançado) ainda são majoritariamente importados de países como Alemanha, EUA, China e Suíça.

2. Sistemas de automação e controle digital

Os softwares de automação industrial específicos para plantas de ração, como SCADA, MES integrados e sistemas de rastreabilidade em tempo real, geralmente são importados, especialmente os de alto desempenho e integração total com ERPs agroindustriais.

3. Analisadores NIR (Near Infrared Reflectance)

Utilizados para análises instantâneas da composição nutricional dos ingredientes e da ração pronta, os equipamentos de espectroscopia NIR de precisão ainda são, em sua maioria, importados da Europa, China e dos EUA.

4. Peletizadoras com condicionamento multietapas

As peletizadoras mais simples são produzidas localmente, mas equipamentos com múltiplos estágios de condicionamento, usados para rações mais complexas e com maior controle de digestibilidade, geralmente são fabricados por empresas como Bühler, FAMSUN, Andritz, CPM e Wenger, dentre outras, que operam globalmente.

5. Sistemas de microdosagem de alta precisão

Esses sistemas, que dosam ingredientes em quantidades extremamente pequenas (como aditivos, vitaminas e medicamentos), ainda são amplamente importados, dada a complexidade dos sensores e atuadores utilizados.

6. Secadores e resfriadores rotativos de grande porte

Equipamentos usados na etapa final do processo, principalmente na produção de ração extrusada e snacks para pet food. Os modelos industriais de grande escala, com controle climático e economia energética, são importados, em especial de fabricantes norte-americanos e europeus.

Oferta de Ração

A oferta de ração animal na América Latina é dominada por grandes empresas como Cargill, BRF, Bunge e ADM, além de milhares de produtores independentes. Os principais ingredientes utilizados são:

  • Milho e soja (base da alimentação animal)
  • Farinha de peixe e carne (para nutrição especializada)
  • Suplementos vitamínicos e minerais

Demanda por Ração (Premium)

A crescente industrialização da pecuária impulsiona a demanda por rações balanceadas e de alta performance. As tendências incluem:

  • Ração livre de antibióticos
  • Ingredientes sustentáveis
  • Dietas personalizadas para cada fase de crescimento dos animais

Conclusão

O mercado de ração animal na América Latina está em plena expansão, impulsionado pelo aumento do consumo de proteína animal, modernização da agroindústria e avanços na nutrição animal. O Brasil, como maior produtor da região, tem grande potencial para fortalecer sua indústria de equipamentos e se tornar um exportador global. O futuro do setor depende de investimentos em tecnologia, eficiência produtiva e sustentabilidade.

O mercado de ração animal no Brasil é um dos pilares do agronegócio nacional, garantindo a eficiência e a competitividade da pecuária. Com um crescimento contínuo e inovações tecnológicas, o setor se fortalece para atender às demandas do mercado interno e externo.