A carne de frango é uma das proteínas animais mais consumidas em todo o ano. Com o avanço da Peste Suína Africana, que levou ao abate de milhões de suínos na Ásia e Europa, a previsão é que a carne de aves domésticas chegará em primeiro lugar no ranking de consumo de proteínas em 2020, segundo o grupo financeiro holandês Rabobank.
De acordo com dados da Central de Inteligência de Suínos e Aves da Embrapa, os Estados Unidos, China, União Europeia e Brasil são os maiores consumidores de aves. Juntos, somente em 2018, consumiram quase 49 mil toneladas da proteína.
Outro produto das aves, o ovo, também tem forte apelo e é cada vez mais consumido no Brasil. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, São Paulo/SP) em 2018 foram produzidos 44 bilhões de unidades com um consumo per capita que acompanha a média mundial, 212 unidades/pessoa.
O Brasil é um dos principais países a atender a demanda mundial carne de frango. É, segundo a Embrapa, o segundo maior produtor de aves domésticas e principal exportador no mundo da proteína. Somente Santa Catarina, de acordo com dados da Epagri, de Janeiro a Agosto de 2019, exportou 909,25 mil toneladas. O faturamento da atividade chegou a US$ 1,58 bilhão, algo em torno de R$ 6,53 bilhões. Em comparação com o mesmo período do ano passado houve aumento de 20,13% na quantidade de produto exportado e de 24,82% na receita.
Para atender a demanda cada vez mais urgente a indústria avícola brasileira investe pesado em tecnologia e em novas formas de avançar com sua produção dentro dos critérios exigentes de seus mercados compradores.
Tecnologias aplicadas na cadeia de produção de frango
A indústria avícola, seja de corte ou de postura, é uma das mais modernizadas e profissionalizadas. O uso constante de tecnologias explica isso.
Um exemplo está no controle da temperatura nas granjas. A climatização correta evita que um expressivo número de aves venham a morrer pelo excesso de calor ou frio. Produtores que optam pela climatização, além de perder menos aves, proporcionam melhor qualidade de vida aos animais.
Nas granjas de postura, no processo de qualificação dos ovos, soluções tecnológicas aprimoram técnicas já utilizadas pelos produtores, como no caso da ovoscopia. A técnica em consiste em colocar os ovos dentro de um local escuro contra uma fonte de luz para identificar ovos podres ou mesmo fora do padrão. Antigamente feito com luz de vela, hoje o processo conta com mesas especiais disponíveis no mercado. Mais recentemente a técnica ganhou aliados inovadores: a tecnologia a laser e por câmeras termográficas.
E no processo de alimentação das aves, tem sido cada vez mais comum o uso de robôs. Configurados para abastecer cada gaiola ou alimentador com uma quantia específica de ração - previamente prescrita pelo veterinário responsável pela nutrição dos animais - essas máquinas automatizam um processo demorado e massante.
A alimentação das aves, inclusive, tem sido estudada em todos os seus detalhes pela indústria avícola. A chamada nutrição de precisão é a aposta dos produtores para que suas aves atinjam o peso e tamanho certos nos momentos certos, com uso correto de insumos e atendendo aos critérios do mercado.
Nutrição de precisão
A nutrição de precisão é um conceito agrícola, aplicado a princípio em lavouras e que vem ganhando a indústria de proteína animal. De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Gerson Neudí Scheuermann, ela considera todos os aspectos do animal, como genética, idade e peso, além dos nutrientes a eles oferecidos.
— São muitas as variáveis que o nutricionista deve considerar. Aves de corte e de postura precisam de nutrientes específicos. As aves também tem diferentes linhagens e diferentes fases de desenvolvimento. A própria matéria prima da ração também apresenta variáveis. Tudo isso deve ser considerado ao formular a ração — explica.
O comum hoje é que, ao longo do ciclo de produção de aves de corte, por exemplo, os animais recebam de três a cinco dietas.
— Esses programas atendem as exigências médias diárias dos nutrientes na fase em questão, o que faz com que recebam os nutrientes necessários no começo de cada fase, mas em excesso ao final delas — afirma a Dra Nayara Tavares Ferreira, gerente técnica de Avicultura da Polinutri.
Ainda de acordo com a Dra Nayara, na publicação “Nutrição de Precisão na produção de aves”, ao aplicar a nutrição de precisão é possível contornar esse problema, apresentando formulações de um número maior de dietas ao longo do ciclo. Com isso há um maior enfoque no que o animal precisa naquele momento, melhor aproveitamento de nutrientes e menor custo com insumos e ingredientes da ração.
Esse último, inclusive, é um outro grande benefício de trabalhar com nutrição de precisão, afinal é na ração onde o produtor tem seu maior custo, representando cerca de 70%. A alimentação correta das aves implica em um melhor aproveitamento dos insumos e em uma economia significativa.
Desenvolvimento das aves
Apesar da nutrição de precisão ser um método relativamente novo para a indústria avícola, há tempos investe-se em intensivas pesquisas e melhorias na alimentação dos animais, bem como em tecnologias como as que comentamos anteriormente, focadas no bem-estar animal e em seu desenvolvimento. Por isso o frango de hoje é muito diferente do frango de 30 anos atrás.
— O rápido crescimento dos frangos é o resultado de décadas de investimento em pesquisa científica resultando em grandes avanços genéticos e na melhora das áreas relacionadas ao ambiente (nutrição, sanidade, instalações e manejo geral). A nutrição destas aves, por exemplo, consiste no fornecimento de ração balanceada ao nível de aminoácidos, macro- e micro-minerais e vitaminas atendendo precisamente as exigências necessárias à manifestação do potencial genético — complementa o pesquisador Gerson.
fonte: Estúdio NSC