Olá querido Leitor, este ano buscarei falar em meus artigos sobre a importância de diversos temas relacionados a produção de rações e sua interferência no âmbito da qualidade e da produtividade.
Nosso primeiro tema será bastante amplo e este é o primeiro de uma serie de textos onde buscarei colocar minhas experiencias e embasamento teórico, científico e prático. Desta forma pretendo dar minha contribuição ao setor. Falaremos agora da qualidade do vapor e sua representatividade junto a peletização.
Para entendermos melhor o Assunto da peletização é importante lembrar que o processo de transformação de alimento Cru em alimento cozido requer uma série de condições básicas, afinal como sempre dizemos, peletizar é uma arte.
Para que você tenha uma ideia, existe uma diferença muito grande entre colocar umidade e cozinhar. Apesar de as duas coisas serem necessárias, temos uma condição que é básica e inquestionável. Não sou eu que estou afirmando, mas sim todos os cálculos presentes nas Leis da termodinâmica. Sim, aquela termodinâmica que assombra muitos alunos nas aulas da faculdade.
A termodinâmica nos mostra que para cozinhar um alimento, quanto maior a pressão, mais eficiente será o processo de cozimento do alimento.
Como estamos falando aqui de alimentos para alimentação animal, e em função dos volumes e processos utilizados, sempre busco analisar os maiores volumes, então abordarei o Assunto Vapor e cozimento na peletização.
Mas porque a afirmação de que quanto maior a pressão, maior o cozimento?
A resposta é simples. A pressão e temperatura do vapor tem interferência direta na eficiência com que nós cozinhamos um alimento peletizado. Em geral, quanto maior a pressão, maior a temperatura do vapor, o que acelera o cozimento e melhora a gelatinização do amido, tornando a ração mais digestível. Por outro lado, essa maior pressão e temperatura adicionam menos umidade na massa, podendo dificultar o processo a depender do quão seca está a sua mistura.
Vamos entender o que a bibliografia, a termodinâmica e a ciência falam sobre isso.
Pressão ideal para cozinhar ração peletizada.
Qual a melhor faixa de pressão para peletizar a minha ração?
Sinceramente, não existe uma resposta travada, mas a maioria das fábricas de ração deveria usar vapor entre 2 e 4 bar absolutos (120-144°C), pois essa faixa garantiria um cozimento mais rápido e eficiente sem degradar os nutrientes essenciais. Este seria o meu Conselho técnico embasado na experiencia já mencionadas, mas principalmente na engenharia e nas tabelas da incrível termodinâmica e dos cálculos de entalpia do Vapor.
Na prática não podemos travar uma resposta porque existem muitas variáveis como tipo de formula, tipo de máquina, especificação de matrizes e rolos entre outros fatores, portanto seria leviano travar qualquer resposta.
Mas o que acontece na prática?
Na pratica a maioria das fábricas acaba por seguir os conselhos aprendidos e passados de um operador para o outros, observando e medindo pontos facilmente conhecidos como Umidade da massa e temperatura de condicionamento e peletização. Estes conselhos indicam que devemos baixar a pressão do vapor para buscar mais umidade visto que a grande maioria dos condicionadores consegue agregar pouco deste que é um dos pilares do cozimento, porém ao fazer isso, adicionamos umidade, mas tiramos ou reduzimos a condição de gelatinizar/cozinhar o amido, visto que não teremos as calorias necessárias para que isso ocorra.
Sim, é isso mesmo. Quando trabalhamos com baixa pressão temos um aumento de aproximadamente 0,5% de umidade adicionados a massa do condicionador, porém perdemos muitas calorias de energia do vapor que seriam convertidas em mais amido gelatinizado e maior digestibilidade.
Bem, esta ação de redução não está totalmente errada, afinal a umidade é necessária para gelatinizar e sem ela, temperaturas muito altas seriam prejudiciais ao produto que está sendo peletizado. Além disso a umidade tem um papel importante na lubrificação e redução do atrito e por consequência no controle da temperatura que será provocada por ele na matriz, que em muitos casos, a depender da fórmula peletizada e da taxa de compressão utilizada, pode gerar de 5 a 250 C. causando um dano irreversível à parte externa do pellet. Neste caso o maior problema está em sacrificar a gelatinização, visto que ao reduzir a pressão o que conseguimos é um incremento de umidade da massa no condicionador de no máximo 2,5% mas perdemos em energia e por consequência em gelatinização e digestibilidade.
O tema é bastante extenso e complexo e como eu já havia mencionado será dividido em mais partes e no final faremos um resumo com as definições do que consideramos ser a melhor alternativa.