Em meados de 2019, Leonardo Bagarolo decidiu criar um perfil no Instagram para a sua cachorrinha, uma simpática buldogue chamada Madalena. O motivo, ele conta, foi bem simples: “Nós viámos vários perfis de pet na internet, então nós decidimos criar um para ganhar coleira de graça”.
No entanto, outra personagem que sempre aparecia nos stories também começou a chamar a atenção dos seguidores. Estamos falando da Bica, a pequena da raça pinscher que também pertencia a Leonardo. Foi assim que, então, Mada e Bica se tornaram pet influencers e hoje contam com mais de 500 mil seguidores no Instagram, 300 mil no Youtube e 5,5 milhões no Tik Tok.
Os influenciadores digitais são aqueles que possuem um número considerável de seguidores nas redes sociais e têm um grande poder de persuasão. Nos últimos anos, as grandes marcas vêm percebendo que formar parceria com os influenciadores pode ser de grande vantagem, além de alavancar as vendas.
São pessoas que possuem um público fiel que quer consumir conteúdos sobre beleza, moda, culinária, livros, entre outros. E é claro, existe um nicho que não poderia ficar de fora: o dos pets.
No Brasil, esse é um dos mercados mais rentáveis. Segundo dados levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos Para Animais de Estimação (ABINPET) em 2019, o faturamento da indústria pet no Brasil foi de R$ 22,3 bilhões, tornando o país o 4° país no mundo que mais gasta com animais.
Portanto, não é surpresa que os pet influencers atraiam milhares de fãs pelo mundo da internet. São cachorros, gatos e até porquinhos que mostram a sua rotina em fotos e vídeos.
No caso da Mada e Bica, é um conteúdo mais voltado para o humor. Em muitos vídeos para o Instagram, a Bica aparece "oferecendo suas opiniões" sobre o mundo à sua volta. “Meu dono sempre fala, eu faria qualquer coisa pelo meu cachorro. Faria mesmo? Você colocaria o termômetro no mesmo lugar que a veterinária coloca?”, diz ela em um deles.
Personalidades marcantes
A dublagem característica da cachorrinha é feita pelo próprio Leonardo. “É uma voz de infância. Eu fazia na escola. Eu coloco essa voz em qualquer coisa que é muito pequenininha, sabe? A voz já existia e se encaixou muito bem com a Bica”, explica.
Enquanto a pinscher é mais explosiva e possui uma personalidade mais ativa, Madalena é mais sossegada e dócil. “Os seguidores se identificam com algumas características que a gente criou para a Bica. De falar as coisas na lata, de falar o que pensa. A Mada é folgada, de bem com a vida, sempre dormindo. As pessoas se identificam pessoalmente com elas”, diz.
Hoje, as cachorrinhas possuem contrato com marcas de ração, de remédio, de brinquedos, de assinaturas mensais. “Isso foi uma coisa que foi crescendo bastante porque, no início, você ter uma conta de pet influencer era meio terra de ninguém. Você não sabe muito bem como fechar uma parceria, se você faz só recebidos, se você faz uma permuta ou quanto que você cobra por um post”, conta.
Ele ainda comenta quais são os critérios que utiliza para fechar uma parceria: “Se não faz sentido pra gente, não adianta que eu não vou vender o produto. Se uma marca que vende lacinho para cachorro procurar a gente, não iremos fechar porque não faz parte do nosso dia a dia. Por exemplo, a Madalena sente muito calor. Se eu colocar um lacinho na Bica eu vou perder todos os dedos da mão antes de conseguir colocar nela”.
Administrar um perfil de pet também é um desafio. Segundo Leonardo, a produção de conteúdo, somando todas as redes sociais, pode chegar de 200 a 250 vídeos por mês. Ele diz que uma das principais dificuldades é se manter criativo e postar todos os dias. “As ideias vão se esgotando. E quando você está preso dentro de casa, fazer um conteúdo todo dia para pet começa a ficar difícil”, comenta.
Então, de onde surgem as inspirações para os vídeos? Ele explica: “Eu consumo muita coisa na internet: memes, o que está em tendência, o que estão falando na atualidade. Isso nos ajuda muito a construir um roteirinho. A parte mais difícil é ter a ideia e escrever, depois a parte de filmar de editar é bem gostosa e tranquila”.
Inegavelmente, a pandemia do coronavírus aumentou muito o consumo das redes sociais. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o uso de internet no Brasil cresceu de 40% a 50%.
Entre a necessidade de acessar a internet por conta de estudos e trabalho, muitos também procuram conteúdos mais leves para amenizar a tensão gerada pelo momento. “Eu recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que têm síndrome do pânico, crise de ansiedade, depressão. Falando que o nosso tipo de conteúdo ajuda muito. Então, desde o início, nosso compromisso principal foi levar alegria para as pessoas que estão assistindo. Esse é o nosso principal compromisso. É a nossa missão como canal”, diz.
fonte: Canal do Pet, escrita por Bia Neves